ARROIO
GRANDE RS
Uma
visita, muitos acontecimentos...
Neste Feriadão, fomos visitar a família do nosso irmão e companheiro Betinho Olumide que reside em sua Cidade natal Arroio Grande na metade sul do estado do RS.
É curioso como nosso povo construiu de fato este País. Encontramos marcas do Povo negro em tudo! Na arquitetura, na música no “modus vivendi”. Ao chegar, o acolhimento é a marca do nosso Povo muito ”ajeun” (comida na língua Yorubá), risadas, abraços, carinho.Marca, que só o nosso Povo Tem.
À noite uma triste notícia: Brigada Militar recebe denuncia e de um vizinho evangélico, e para Festa de Povo da Rua no terreiro da Iyalorisa Magda de Iansã, sob o argumento de perturbação e excesso de barulho e sob a ameaça de apreender os seus tambores. Situação que se repete em todo o País. A constituição, carta magna do País, o Estatuto da Igualdade Racial Lei Federal 12.288/2010 e Lei Estadual 13.694/2011 são marcos legais que asseguram liberdade de crença e proteção aos locais de culto. Quando a Brigada Militar atende e executa arbitrariamente esta ocorrência e de forma truculenta, além de transgredir estas Leis, está fomentando o racismo e a intolerância religiosa institucional, ou seja, é o estado fomentando o racismo e intolerância religiosa.
Sabendo do fato, fomos convidados para falar em uma Radio Comunitária, rádio 104.9 FM, chegando lá o apresentador do programa (Juliano Lopes) que diz pagar o espaço para que seu programa seja veiculado, alegou que havia entendido mal, pensava que nossa fala trataria de um evento na cidade, e que sendo este o assunto (intolerância religiosa), colocaria em risco seu programa: “Prefiro arrumar as minhas malas e ir embora da Cidade” afirma ele. Perguntamos sua religião, ele nos disse ser ex-adventista, é mole? Na parte da tarde as igrejas já tinham seu horário reservado para seus programas, e aí entendemos tudo. Uma arbitrariedade atrás da outra. Rádio comunitária tem fins sociais, não podem comercializar os seus espaços.São concessões públicas, sendo assim,devem estar a serviço dos cidadãos, independente de raça/cor ou religião, ou ser, tão laica quanto o Estado. Onde vamos parar? A quem nos reportar se vivemos num País onde a inércia do Estado com relação aos direitos, sobretudo dos afrodescendentes, são negligenciados? Cadê o Ministério Público? Até quando seremos humilhados e desrespeitados pelo racismo? Muitas questões e poucas respostas. Para nós militantes pela igualdade racial e de direitos, véspera de 20 de novembro, que marca o assassinato de nosso herói, Zumbi dos Palmares, respostas são ações definitiva que enquadrem nas Leis os racistas e intolerantes de plantão, seja sociedade civil, seja estado. Como dizem no direito: “Dura lex, Sedlex”, ou seja, a lei é dura, mas é Lei. Que se apliques as Leis!
O que orientamos ao nosso Povo, é que recebam a notificação da Brigada Militar, mas não parem seus tambores! Nossos tambores não devem parar de rufar jamais! Sem mandato, nenhum agente do Estado poderá passar do portão para dentro da propriedade.
Resolvemos fazer um “tour” pela Cidade. Visitamos o obelisco, diz o Betinho Olumide que é em homenagem ao Barão de Mauá, não vi nada escrito com relação a isto no monumento. Depois, fomos à beira do arroio que deu nome a Cidade. Lá encontramos uma Imagem de Iyemonja e uma gruta onde os terreiros costumam homenagear a senhora das águas. Um marco e com certeza uma conquista histórica, inaugurado pelo lendário Pai Nelsinho de Xangô e Mãe Ema de Xangô. Ao lado, a Ponte histórica e centenária construída de ferro.
Andamos pelas ruas e encontramos um espaço que chamado de Acampamento Farroupilha, bem em frente a Rádio, enorme! E em uma das ruas, na esquina, nos deparamos com o histórico terreiro que marca o início da Matriz Africana na Cidade de Arroio grande, segundo Dona Regina, mãe biológica de Betinho Olumide, todo mundo que é de Matriz Africana e Umbanda na Cidade, passou por ali. O culto, infelizmente, não continua, segundo Roberto, morador do local, fazem 9 anos que Pai Nelsinho fez a passagem, ele tentou retomar, mas não foi a mesma coisa. Ele conserva o Congá com as Imagens limpinhas e em cuidadas, porém, o espaço e a casa em estado de total abandono, por falta de recurso para manutenção. A memória negra da cidade sendo esquecida.
Como seria importante se a Secretaria de Cultura da Cidade, sobretudo setor de Patrimônio, fizesse uma ação de tombamento e transformação no espaço em museu ou no mínimo um espaço cultural!Afinal está dado - O Povo negro construiu este Estado e deixou páginas gravadas nesta história, que estão nestes locais de conservação de um processo civilizatório Africano, característica peculiar do Povo Negro.
Baba Diba de Iyemonja
Babalorixa do IleAxeIyemonjaOmiOlodo – Porto Alegre -RS
Coordenador Estadual da Rede Nacional de Religião Afro
Brasileira e Saúde – Renafro-Saúde - RS
Acadêmico de Saúde Coletiva –
UFRGS
Vice – Presidente da
Oscip Africanamente – Centro de Pesquisa, Resgate e Preservação de Tradições
Afrodescendentes
4 comentários:
oi Bábà Dyba sou filha carnal de Mãe Ema d Xangõ e gostaria de esclarecer apenas um fato quem deu inicio a matriz africana em nossa cidade foi mãe Ema tanto que Pai Nelson era seu filho sendo ele quem iniciou a umbanda a casa de Mãe Ema de ainda se encontra em funcionamento obrigado
oi Bábà Dyba sou filha carnal de Mãe Ema e gostaria apenas de esclarecer que quem deu inicio a matriz africana em nossa cidade foi Mãe Ema d Xango tanto que Pai Nelson era seu filho sendo ele quem iniciou da umbanda eles trabalharam muito pra vencer os preconceitos que em outros tempos era bem mais difíceis a casa de Mãe Ema ainda se encontra em funcionamento em frente ao acampamento farroupilha obrigado!
oi Bábà diba sou filha carnal de Mãe Ema d Xango de Arroio grande gostaria de esclarecer que quem deu inicio a matriz africana em nossa cidade foi Mãe Ema tanto que Pai Nelson era seu filho sendo ele quem iniciou a umbanda eles trabalharam sempre juntos enfrentaram muito preconceitos para levar sempre o nome de nossa religião!a casa de Mãe Ema ainda esta em funcionamento enfrente ao acampamento farroupilha obrigado
oi Bábà diba sou filho de santo Mãe Ema e gostaria de esclarecer que quem deu inicio a matriz africana em nossa cidade foi Mãe Ema tanto que Pai Nelson era seu filho santo, sendo ele quem iniciou a umbanda juntos eles lutaram enfrentando muito preconceito pra elevar o nome de nossa religião africana a casa de Mãe Ema ainda esta em funcionamento obrigo !
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