06 julho, 2011

INICÍO DE CURSO DE TEOLOGIA DOS ORIXÁS EM TERREIRAS É CELEBRADO

Em meio ao forte frio com chuva e vento que configurou o dia 02/07/2011 (sábado) em Porto Alegre (RS) discentes matriculados no curso Básico de Teologia da Religião de Matriz Africana e Afro-Umbandista e/ou Teologia dos Orixás em Terreiras como também está sendo chamado, compareceram ao início das aulas onde participaram da cerimônia religiosa de aberta e da palestra proferida sob o título: “Teologia não é uma teleologia judaica cristã e/ou católica”.

Com cânticos em louvores a Esu, Oya, Xangô, Iyemonja e Orumilaia, o Babalorixá Dyba e atual sacerdote da Comunidade-Terreira Ilé Axé Iyemanjá Omi Olodo, deu início a cerimônia religiosa, realizando em seguida a leitura de um texto sagrado tirado do livro Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africano, compilado por Nei Lopes que no capítulo 3 (Livro 2 Mina) versa sobre “Ifá e a criação do mundo”, narração que trata do papel de Olofim na Criação do Universo, dos Irumalês e dos Orixás na complementação da Criação.

Após as considerações acerca da leitura pelo Ministro Religioso Afro a reflexão foi socializada aos presentes que externaram suas impressões de forma a complementar as considerações do oficiante. Baba Dyba de Iyemanjá deu boas vindas aos participantes do curso, acolhendo todas e todos em nome da divindade do seu Ori (cabeça) avocando para isso a tradução teoyorùbá do nome Yémánjá (ye + omo + eja) “Mãe dos peixes-filhos” conclamando que desta forma os/as participantes do curso se sentissem “contidos em suas entranhas de água” como dimensão da própria Mãe das águas que proporcionará mergulhos nas profundidades do mar sagrado do conhecimento teológico ontológico à Cosmovisão Africana, nos aspectos civilizatórios, teológicos e filosóficos da visão de mundo.

Em seguida foi à vez do Teólogo da Religião Afro Prof. Jayro Pereira (Omo Orisa Ògiyán Kalafò Olorode) Diretor da Escola Olodumaré de Educação Afro-Teológica e Afro-Umbandista bem como coordenador acadêmico do curso Básico de Teologia da Religião de Matriz Africana e Afro-Umbandista e/ou curso de Teologia dos Orixás em Terreiras como igualmente é conhecido.

Na comunicação apresentada o Diretor ao iniciar sua preleção também deu boas vindas aos discentes, explicitando um pouco a sua trajetória de vida, dando ênfase ao seu ativismo na luta contra o racismo afroteológico que se traduz contemporaneamente pela intolerância religiosa, travada inicialmente na cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1980-90 e que depois se nacionalizou mediante bolsa recebida da Ashoka, ocasião que passou a vir seguidamente ao Rio Grande do Sul, tendo residido em Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre e trabalhando na Secretária de Justiça e Segurança na gestão Olívio Dutra.

O teólogo afro-umbandista também enfatiza a sua participação como um dos coordenadores dos seminários regionais de Comunidades religiosas de matriz africana no ano de 2007 financiado pela SEPPIR (Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) na gestão da então ministra Matilde Ribeiro. Enumera que foram realizados quatro seminários regionais, que atingiram os Estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e regiões Sul e Sudeste conjuntamente.

O prof. Jayro enfatiza ainda a sua participação como supervisor da recente pesquisa que mapeou terreiros em Recife e região metropolitana executado como parte de um trabalho mais abrangente em mais três capitais pela Associação Filmes de Quintal, mediante financiamento do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), com apoios da SEPPIR e da Fundação Cultural Palmares. O coordenador teológico assevera que de 1980 até os dias atuais participou e assim prossegue engajado em todas as construções que objetivam a respeitabilidade e a dignificação da Religião dos Orixás, dos Inquices e dos Voduns no Brasil.

No tocante às considerações finais o diretor elucida como um dos seus princípios o respeito incondicional aos regionalismos teológicos e filosóficos da Religião de Matriz Africana e Afro-Umbandista, porém, finaliza suas colocações numa postura de radicalização dizendo compreender como emergencial e imperativo para alterar a imagem da Religião, o estudo teológico dessa tradição religiosa, para desta forma arrancar os adeptos/as do rol dos ignorantes, dos animistas no seu sentido pejorativo, primitivos, embusteiros, charlatães, curandeiros, passíveis por isso de criminalização de acordo ainda com o Código Penal.

Outra afirmação de gravidade teológica pronunciada pelo diretor é a de que a maioria dos adeptos dos Cultos Afros desconhece o imbricamento e a indissociabilidade das suas comportamentalidade que deve está substanciado pela observância de uma ética e moral rigorosa arrolada à dinâmica cosmológica.

Novas inscrições para o curso em andamento podem ser feitas até o dia 23/07/2011. Para contatos e informações pelos fones (51) 3333-9224 ou 9545-0231 ou pelo e-mail: cursoteoatrai@gmail.com

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