Dia 11 de maio – Quarta Feira - Atividade Interna
Com cem por cento de participação dos Omorisas, foi feito uma retomada da proposta do R’Gongo como uma atividade importante para o Terreiro e não apenas uma festividade de Umbanda, já que tem o cunho de retomada da ancestralidade e de discussões de naturezas sociais e politicas do passado histórico e contemporâneo em que o 13 de maio tem uma importancia no imaginário da sociedade brasileira expressadas sob variadas conotações. Também foi feito uma avaliação da importância da realização do “Ipade” para a comunidade terreira a partir da perspectiva de cada um dos iniciados(as) tomando por base o Ubuntu – filosofia africana de unidade, norteador para as atividades da Comunidade terreiro o que já vem sendo experimentado e que ganhará concretude no seio da comunidade à partir da realização do encontro.
Após esta contextualização, foi aberto o espaço de diálogo em que todos (as) externaram suas expectativas e perspectivas. Foi um momento de singularidade, sensibilização, irmandade e sinceridade que tocou profundamente a todos e todas.
Como não poderia deixar de ser, na comunhão das alegrias, após um bom bate-papo, a comunidade pode saborear o Mocotó servido que foi revitalizante.
Já na sua XIII edição O R’Gongo 2011 comprova o seu potencial de mobilização e aglutinação de pessoas que se deslocam dos seus sensos comum opressor e colonialista para agir em prol da solidariedade e coletividade predicados do Ubuntu.
Dia 12 de maio – Quinta Feira
No terceiro dia do XIII R’GONGO 2011, a noite iniciou-se as 19 horas com uma memória dos dois dias de atividades para situar os cerca de noventa pessoas presentes feito por Nina Fola que em seguida passou a Palavra ao Babalorisa Diba de Iyemonja fez o acolhimento e deu suas boas vindas aos participantes.

Em seguida deu-se inicio ao Painel Saúde da mulher negra (pré-natal, doenças infecciosas e étnicas, HIV e AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose). O painel foi coordenado por Obá Olori Oba (Miriam Cristiane Alves) omorisa do terreiro e doutoranda de Saúde Mental pela PUC-RS que compôs a mesa com os seguintes integrantes: Jaime Quiroga da Rede de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do RS - RNP+Brasil/RS, José Hélio Costalunga da Rede de Pessoas Vivendo Com HIV/AIDS do RS – RNP+Brasil/RS, Leo Ricardo Rodrigues Silveira – Diretor do GAPA/RS e Coordenador do Encontro Positivo - Grupo de Apoio a Prevenção da AIDS-RS, Mirian Gaele Medeiros Weber, Coordenadora da ASSEPLA – Secretaria Municipal da Saúde e sCleci de Souza Lima Martins – Coordenadora da Saúde da População Negra da Secretaria Estadual da Saúde do RS, Gerson Barreto Wincler, Coord do Programa Municipal de DST/AIDS. Léo falou da importância de abrir o espaço de terreiro para as discussões e prevenção em torno do HIV/AIDS e chamou a atenção no sentido de intensificar reflexões no fato do RS estar figurando como o estado que está à frente no ranking de novas infecções por HIV/AIDS. Cleci Martins iniciou sua fala dirigindo-se às adolescentes elogiando o trabalho e falando sobre a importancia de se ter uma conversa franca sobre a sexualidade e que a camisinha é importante não só para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis como também gravidez indesejáveis e fora de época, que é preciso se planejar e preparar-se para ser Mãe, também falou da importância do estreitamento das relações entre terreiro e estado no campo da saúde para que se possa atingir os vivenciadores de terreiros numa saúde equânime. Jaime Quiroga preferiu falar sobre a saúde do homem salientando a falta de habito e desleixo do homem com relação a saúde e exames preventivos de câncer falando dos diversos tipos que atingem o homem não somente o Câncer de Próstata, mas de mama e o câncer Peniano que tem sido responsável pela amputação peniana de um milhão de homens no Brasil. José Helio fala da importância de se saber sobre como acolher e lidar com o portador do HIV e AIDS, das dificuldades e estigmas, dos avanços e retrocessos do tratamento, da grande importância dos terreiros envolverem-se e interessarem pelo debate. Miriam Weber falou sobre o estreitamento da Assepla com a Religião Afro através da Renafro-Saude-RS e da valorização dos saberes ancestrais na manutenção da Saúde através das práticas terapêuticas e fitoterápicas e dos avanços do entendimento no campo da Psiquiatria e Psicologia das causas doenças mentais também como espirituais e psicossomáticas dando espaço para o tratamento espirituais dispensando os tranquilizantes e antidepressivos em alguns casos. Por fim Gerson Barreto Wincler também saúda o espaço como de grande importância para acesso ao Sistema de Saúde e controle social e reafirma o compromisso do Programa Municipal de DST/AIDS com a Rede Nacional de Religão Afro brasileira e Saúde – Núcleo RS. Após as explanações houve um intenso debate sobre a Anemia Falciforme e as limitações de acesso ao tratamento e melhor qualidade de vida para os portadores da anemia e o quanto ainda em alguns postos de Saúde existe a falta de informações sobre a doença e tratamento.
Como de costume a noite foi encerrada com um delicioso feijão mexido compartilhado com todos os(as) participantes.
Dia 13 de maio – Sexta Feira – Adão, Adão cadê Salomé – A Feminilização da Capoeira – Roda de Capoeira e Samba de Roda.
A sexta-feira do XIII R’GONGO começou com grande energia. A abertura de Nina Fola numa fala emocionada, ela fez relato do que rolou na semana R’GONGO, fez uma introdução sobre o tema do dia e da satisfação de receber a Família Africanamente através da Escola de Capoeira Angola, falou um pouco de sua participação na construção da ONG que tinha por objetivo a retomada radical de um comportamento negro de ser e pensar africanamente, também falou sobre a crueldade do maior crime da humanidade que foi a escravização do negro assim como provocou a reflexão sobre o 13 de maio. Será que realmente saímos da senzala e da Chibata? Ou ainda convivemos com isto com chibatas e senzalas contemporâneas? Onde esta a Liberdade e Igualdade de direitos? Em seguida passou a palavra ao Babalorisa do Ile Àse Iyemonja Omi Olodo Baba Diba de Iyemonja, que também deu boas vindas a todos(as) também rememorou a história do Africanamente e da Festa do Vovô Cipriano e da importância do Contra Mestre Guto Oba Femi na construção do R’Gongo mas também da Consciência negra do terreiro. Falou sobre o racismo nas escolas e da negação da verdadeira história do Povo negro pelo sistema racista de educação que insiste em não implementar a lei 10639/2003 que obriga a inclusão da história da África e do Negro no Brasil nos currículos escolares da mesma forma como resiste à Laicidade do Estado. Baba Diba também falou da importância de se discutir a Saúde do homem, tema abordado no dia anterior e de reforçar a pressão sobre o tratamento e informações sobre a Anemia Falciforme. Após entoou cânticos a Bará Ajelu, Iyemonja e Osala, às Pretas velhas e Pretos Velhos e deu por iniciada as atividades da Noite.
Guto Oba Femi Contra – Mestre de Capoeira, Baba Egbe do Terreiro e Diretor da Escola de Capoeira Angola Africanamente dirigiu a atividade da noite e não iniciou a Roda de capoeira sem falar da Feminilização da Capoeira e a importância de combater o machismo e o sexismo na capoeira, de se combater todo o tipo de preconceito e de se conquistar a igualdade de direitos, saudou as diversas Mestras e Contra mestras de capoeira e convocou a comunidade para um energizante jogo impregnado de àse e sob à benção dos Orisas. A Seguir um samba de roda animou mais ainda os participantes e deu um show de inclusão e coletividade. Crianças, jovens, adolescentes, idosos(as), adultos(as) dançaram ao som dos atabaques aguçando a fome. Antes de saborearem a deliciosa feijoada que encerrou as atividade, Nina Fola abriu as comemorações dos DEZ anos do AFRICAnaMENTE chamando à frente Guto Oba Femi e Baba Diba de Iyemonja Fundadores da ONG, o que provocou efusivos aplausos e ovacionamentos da galera .
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