14 maio, 2011

Notícias do XIII R’Gongo 2011

Dia 11 de maio – Quarta Feira - Atividade Interna 

Seguindo a programação elaborada pela comunidade terreira, no dia 11 de maio, aconteceu a atividade interna preparatória para o I Ipade awon ti Omo Orisa ti Ilê Ase iyemonjá Omi Olodo, ou seja, Primeiro Encontro dos Omorisas do Ile Axé Iyemonja Omi Olodo que tem o cunho de formação pedagógica dos Omorisas com a finalidade se buscar compreender o seu papel na comunidade terreira e da comunidade terreira para fora. A atividade foi coordenada pelo acessor  do Ile  Oguian Kallafor Professor Jayro Pereita de Jesus.

Com cem por cento de participação dos Omorisas, foi feito uma retomada da proposta do R’Gongo como uma atividade importante para o Terreiro e não apenas uma festividade de Umbanda, já que tem o cunho de retomada da ancestralidade e de discussões de naturezas sociais e politicas do passado histórico e contemporâneo em que o 13 de maio tem uma importancia no imaginário da sociedade brasileira expressadas sob variadas conotações. Também foi feito uma avaliação da importância da realização do “Ipade” para a comunidade terreira a partir da perspectiva de cada um dos iniciados(as) tomando por base o Ubuntu – filosofia africana de unidade, norteador para as atividades da Comunidade terreiro o que já vem sendo experimentado e que ganhará concretude no seio da comunidade à partir da realização do encontro.
Após esta contextualização, foi aberto o espaço de diálogo em que todos (as) externaram suas expectativas e perspectivas. Foi um momento de singularidade, sensibilização, irmandade e sinceridade que tocou profundamente a todos e todas.
Como não poderia deixar de ser, na comunhão das alegrias, após um bom bate-papo, a comunidade pode saborear o Mocotó servido que foi revitalizante. 

Já na sua XIII edição O R’Gongo 2011 comprova o seu potencial de mobilização e aglutinação de pessoas que se deslocam dos seus sensos comum opressor e colonialista para agir em prol da solidariedade e coletividade predicados do Ubuntu.

Dia 12 de maio – Quinta Feira

No terceiro dia do XIII R’GONGO 2011, a noite iniciou-se as 19 horas com uma memória dos dois dias de atividades para situar os cerca de noventa pessoas presentes feito por Nina Fola que em seguida passou a Palavra ao Babalorisa Diba de Iyemonja fez o acolhimento e deu suas boas vindas aos participantes.



A Seguir foi a vez de Rui Fagorite e Pablo Carvalho, educadores do Projeto Ori Inu Ere, apresentarem o grupo de adolescentes do projeto para fazer apresentação do Documentário produzido pelos mesmos que problematizou questões relacionadas a Saúde, drogadição, Gravidez na adolescência e racismo através de entrevistas feitas na comunidade. Após exibição de documentário que durou seis minutos houve um debate entre os adolescentes e demais participantes sobre os assuntos abordados no documentário.

Em seguida deu-se inicio ao Painel Saúde da mulher negra (pré-natal, doenças infecciosas e étnicas, HIV e AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose). O painel foi coordenado por Obá Olori Oba (Miriam Cristiane Alves) omorisa do terreiro e doutoranda de Saúde Mental pela PUC-RS que compôs a mesa com os seguintes integrantes: Jaime Quiroga da Rede de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do RS - RNP+Brasil/RS, José Hélio Costalunga da Rede de Pessoas Vivendo Com HIV/AIDS do RS – RNP+Brasil/RS, Leo Ricardo Rodrigues Silveira – Diretor do GAPA/RS e Coordenador do Encontro Positivo - Grupo de Apoio a Prevenção da AIDS-RS, Mirian Gaele Medeiros Weber, Coordenadora da ASSEPLA – Secretaria Municipal da Saúde e sCleci de Souza Lima Martins – Coordenadora da Saúde da População Negra da Secretaria Estadual da Saúde do RS, Gerson Barreto Wincler, Coord do Programa Municipal de DST/AIDS. Léo falou da importância de abrir o espaço de terreiro para as discussões e prevenção em torno do HIV/AIDS e chamou a atenção no sentido de intensificar reflexões no fato do RS estar figurando como o estado que está à frente no ranking de novas infecções por HIV/AIDS. Cleci Martins iniciou sua fala dirigindo-se às adolescentes elogiando o trabalho e falando sobre a importancia de se ter uma conversa franca sobre a sexualidade e que a camisinha é importante não só para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis como também gravidez indesejáveis e fora de época, que é preciso se planejar e preparar-se para ser Mãe, também falou da importância do estreitamento das relações entre terreiro e estado no campo da saúde para que se possa atingir os vivenciadores de terreiros numa saúde equânime. Jaime Quiroga preferiu falar sobre a saúde do homem salientando a falta de habito e desleixo do homem com relação a saúde e exames preventivos de câncer falando dos diversos tipos que atingem o homem não somente o Câncer de Próstata, mas de mama e o câncer Peniano que tem sido responsável pela amputação peniana de um milhão de homens no Brasil. José Helio fala da importância de se saber sobre como acolher e lidar com o portador do HIV e AIDS, das dificuldades e estigmas, dos avanços e retrocessos do tratamento, da grande importância dos terreiros envolverem-se e interessarem pelo debate. Miriam Weber falou sobre o estreitamento da Assepla com a Religião Afro através da Renafro-Saude-RS e da valorização dos saberes ancestrais na manutenção da Saúde através das práticas terapêuticas e fitoterápicas e dos avanços do entendimento no campo da Psiquiatria e Psicologia das causas doenças mentais também como espirituais e psicossomáticas dando espaço para o tratamento espirituais dispensando os tranquilizantes e antidepressivos em alguns casos. Por fim Gerson Barreto Wincler também saúda o espaço como de grande importância para acesso ao Sistema de Saúde e controle social e reafirma o compromisso do Programa Municipal de DST/AIDS com a Rede Nacional de Religão Afro brasileira e Saúde – Núcleo RS. Após as explanações houve um intenso debate sobre a Anemia Falciforme e as limitações de acesso ao tratamento e melhor qualidade de vida para os portadores da anemia e o quanto ainda em alguns postos de Saúde existe a falta de informações sobre a doença e tratamento.
Como de costume a noite foi encerrada com um delicioso feijão mexido compartilhado com todos os(as) participantes.

Dia 13 de maio – Sexta Feira – Adão, Adão cadê Salomé – A Feminilização da Capoeira – Roda de Capoeira e Samba de Roda.


A sexta-feira do XIII R’GONGO começou com grande energia. A abertura de Nina Fola numa fala emocionada, ela fez relato do que rolou na semana R’GONGO, fez uma introdução sobre o tema do dia e da satisfação de receber a Família Africanamente através da Escola de Capoeira Angola, falou um pouco de sua participação na construção da ONG que tinha por objetivo a retomada radical de um comportamento negro de ser e pensar africanamente, também falou sobre a crueldade do maior crime da humanidade que foi a escravização do negro assim como provocou a reflexão sobre o 13 de maio. Será que realmente saímos da senzala e da Chibata? Ou ainda convivemos com isto com chibatas e senzalas contemporâneas? Onde esta a Liberdade e Igualdade de direitos? Em seguida passou a palavra ao Babalorisa do Ile Àse Iyemonja Omi Olodo Baba Diba de Iyemonja, que também deu boas vindas a todos(as) também rememorou a história do Africanamente e da Festa do Vovô Cipriano e da importância do Contra Mestre Guto Oba Femi na construção do R’Gongo mas também da Consciência negra do terreiro. Falou sobre o racismo nas escolas e da negação da verdadeira história do Povo negro pelo sistema racista de educação que insiste em não implementar a lei 10639/2003 que obriga a inclusão da história da África e do Negro no Brasil nos currículos escolares da mesma forma como resiste à Laicidade do Estado. Baba Diba também falou da importância de se discutir a Saúde do homem, tema abordado no dia anterior e de reforçar a pressão sobre o tratamento e informações sobre a Anemia Falciforme. Após entoou cânticos a Bará Ajelu, Iyemonja e Osala, às Pretas velhas e Pretos Velhos e deu por iniciada as atividades da Noite.

Guto Oba Femi Contra – Mestre de Capoeira, Baba Egbe do Terreiro e Diretor da Escola de Capoeira Angola Africanamente dirigiu a atividade da noite e não iniciou a Roda de capoeira sem falar da Feminilização da Capoeira e a importância de combater o machismo e o sexismo na capoeira, de se combater todo o tipo de preconceito e de se conquistar a igualdade de direitos, saudou as diversas Mestras e Contra mestras de capoeira e convocou a comunidade para um energizante jogo impregnado de àse e sob à benção dos Orisas. A Seguir um samba de roda animou mais ainda os participantes e deu um show de inclusão e coletividade. Crianças, jovens, adolescentes, idosos(as), adultos(as) dançaram ao som dos atabaques aguçando a fome. Antes de saborearem a deliciosa feijoada que encerrou as atividade, Nina Fola abriu as comemorações dos DEZ anos do AFRICAnaMENTE chamando à frente Guto Oba Femi e Baba Diba de Iyemonja Fundadores da ONG, o que provocou efusivos aplausos e ovacionamentos da galera .

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