A apresentação do espetáculo teatral Antígona BR, no dia 09 de dezembro, terça-feira, marcará o segundo dia do III Encontro de Arte de Matriz Africana, que o grupo de teatro Caixa-Preta realiza até o próximo dia 14 de dezembro, em Porto Alegre. A apresentação, às 21h, no Theatro São Pedro, será precedida de Toque de Tambores, conduzida pelo babalorixá Baba Diba de Yemonjá. A entrada é franca, obedecendo à ordem de chegada.
Em Antígona BR o sincretismo cultural é, novamente, o pano de fundo para a recriação de um clássico da dramaturgia, "Antígona", de Sófocles, fundida com "Sete contra Tebas", de Ésquilo, sendo utilizadas também passagens de outras tragédias como "Édipo Rei" e "Édipo em Colono", também de Sófocles. Os elementos da cultura afro-brasileira, tão bem retratados em Hamlet Sincrético - obra basilar do Grupo -, são, agora, aprofundados, reafirmando a presença de uma estética de matriz africana. A nova montagem foi contemplada com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz / 2007. No elenco estão Glau Barros, Silvio Ramão, Éderson Santos, Adriana Rodrigues, Leandro Daitx, Wagner Santos, Josiane Acosta, Silvia Duarte, Ravena Dutra, Flávio Oya Tundê, Lucila Clemente e Diego Neimar. A dramaturgia é de Viviane Juguero, a direção musical é de Luiz André da Silva e a direção de produção é de Silvia Abreu.
Os elementos da cultura afro-brasileira servem de metáforas que traduzem à narrativa da peça, em que os gestos, os ritos e os mitos de origem africana contribuem para a compreensão da peça, ao mesmo tempo em que, criticamente, comentam a realidade de uma maneira diferente da tradicional discussão verbal das questões raciais. Esta é potencializada pelos signos afro-brasileiros dos cultos aos orixás, da capoeira, do catolicismo popular, e outras manifestações que marcam a influência negra na cultura brasileira. A luta de Antígona com o tio Creonte, de Etéocles com Polinice e todos os conflitos entre os personagens traduzem o conflito de identidade e a perda da identidade ou a autonegação. O coro representa os velhos e é uma metáfora dos Griot e Negras Minas. A linguagem desenvolvida tem como base a transposição de códigos da cultura afro-brasileira para contar uma história.
A cada ano, o Encontro celebra um eixo temático. Neste ano, a noção de transculturalidade e transterritorialidade está no foco das discussões. O diretor Jessé Oliveira destaca a preocupação em alargar o conceito de rede solidária.
09 dezembro, 2008
III Encontro de Arte de Matriz Africana, promovido pelo Grupo Caixa-Preta, prossegue nesta terça-feira, dia 09/12


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